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Organização do trabalho em Portugal em livro

07 Dezembro 2015

O Museu do Vidro, na Marinha Grande acolhe a apresentação do livro “A organização científica do trabalho em Portugal”, da autoria de Ana Carina Azevedo, no dia 11 de dezembro (sexta-feira), pelas 16h00. A entrada é livre.

A apresentação do livro estará a cargo de Inês Lourenço, da Associação “Patrimonium” - Centro de Estudos e Defesa do “Patrimonium” da Região de Peniche.

Ana Carina Azevedo é Doutora em História, área de especialização em História Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a tese A Organização Científica do Trabalho em Portugal após a II Guerra Mundial (1945-1974).

Investigadora do Instituto de História Contemporânea da mesma Faculdade, tem como principais interesses de investigação a História Portuguesa do século XX, nomeadamente, a História Económica e Social e a História do Trabalho. É autora de alguns artigos.

A organização científica do livro “A organização científica do trabalho em Portugal” encontra-se intimamente relacionada com a evolução do desenvolvimento industrial e económico em vários países. No entanto, tem sido considerado que Portugal havia escapado a esta lógica, não tendo estes princípios penetrado no País.

Este livro pretende chamar a atenção para a incorrecção desta tese, alertando para o facto da hipótese de inexistência de organização científica do trabalho em Portugal provir, somente, da ausência de estudos sistemáticos e aprofundados sobre o tema.

De facto, ao longo da investigação verificou-se que os princípios da organização científica do trabalho foram, desde a época da I República, penetrando paulatinamente em certos círculos profissionais e técnicos portugueses, tendo difundido o seu raio de acção durante o Estado Novo.

Desde artigos, mais ou menos complexos, publicados em jornais e revistas dirigidos a públicos específicos, até às aplicações, mais simples e direccionadas ou mais abrangentes, levadas a cabo em certas empresas, os estudos vão-se sucedendo, aprofundando e modificando de acordo com os objectivos que a sua colocação em prática pretendia atingir e com os próprios desafios que o País ia sendo obrigado a ultrapassar.

Ao longo desta história, várias realidades paralelas vão surgindo. O crescimento do papel e acção dos engenheiros como agentes de mudança e precursores do desenvolvimento e a abertura do País a técnicos estrangeiros são, talvez, as que mais se salientam.

Mas também os receios se entrelaçam nesta história, principalmente os receios da mudança causada pela aplicação de métodos de organização científica do trabalho, do seu impacto social, das incertezas que poderiam trazer a um futuro em risco de escapar ao controlo.

De facto, as relações com a organização científica do trabalho seriam caracterizadas, de um modo geral, por uma relutância que acabava por oscilar ao sabor dos acontecimentos e, principalmente, das necessidades a que estes princípios poderiam dar resposta.

A história da organização científica do trabalho em Portugal permite-nos, assim, compreender mais um dos cenários da história portuguesa que tem permanecido ainda escondido pelo tempo.