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DISCURSO DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MARINHA GRANDE NA SESSÃO DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL EVOCATIVA DO 49.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL DE 1974

Teatro Stephens

25 de abril de 2024

 

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Exmo. senhor Presidente da Camara Municipal da Marinha Grande.

Exmas. entidades civis e militares presentes

Exmos. senhoras e senhores vereadores

Exmos. senhoras e senhores deputados municipais

Exmos. senhores antigos presidentes de Assembleia Municipal e de Camara Municipal

Também Exmos. os munícipes presentes que muito nos honram com a sua presença, ou nos seguem via internet.

Celebramos hoje o Cinquentenário da Revolução dos Capitães, da Revolução dos Cravos, da Revolução do 25 de Abril.

Coincidência, aqui ao lado, paredes meias, está a praça Stephens, símbolo de um outro levantamento popular de luta pela democracia, pela liberdade, contra a opressão e a ditadura, e que em 2024 celebrou os seus 90 anos, e que também foi símbolo da resistência à opressão do Estado Novo de Salazar:

O levantamento na Marinha Grande de 18 de Janeiro de 1934.

Foi há 50 anos que o Movimento dos Capitães planeou e executou a revolução que destituiu o governo de Caetano e Tomás, e depois envolveu milhares de outros militares, que com a adesão da população, dos democratas civis, se transformou no que foi depois uma Revolução Popular.

Uma saudação ao espírito generoso, altruísta e patriótico dos militares de abril, simbolizados pela figura eterna de Salgueiro Maia, que permitiu aos portugueses que “… e depois do adeus…” fosse reconquistada a liberdade.

Nesse preciso dia, Portugal e os portugueses acordaram num país diferente:

E esses tempos mudaram Portugal.

As portas do Aljube, de Peniche e Caxias abriram-se, e encerrou o tenebroso campo de tortura do Tarrafal, libertando os resistentes que foram privados da liberdade, só porque queriam um Portugal democrático.

Tempo em que a imprensa não era livre, e em que os opositores eram presos, torturados e mortos.

Em que Portugal era um país cinzento, esquecido, e “…infelizmente só…” isolado a um canto da Europa.

Hoje, vivemos num país de liberdade, solidariedade, igualdade, um país em democracia,

Mas no Portugal de hoje, ainda nem tudo são cravos:

Os 48 anos do mais longo regime totalitário europeu, deixaram marcas, e os saudosistas do regime salazarista não desapareceram, apenas ficaram na sombra, aguardando a sua oportunidade.

E, 50 anos depois de Abril, esses ressentimentos estão a acordar, alimentados quer por movimentos inorgânicos, quer protagonizados por organizações políticas de extrema-direita, que aproveitando áreas de descontentamento social, trazem à nossa memória uma época que, com alguma ingenuidade, pensávamos encerrada.

À medida que o tempo vai esbatendo as memórias, fica cada vez mais nítida a desilusão e a fragilidade das convicções em algumas camadas da população, que embora vivendo em democracia, reagem às adversidades da vida, encostando-se a posições radicais, a populismos perigosos e, não raro, beneficiando da tolerância democrática, alinham em ameaças à democracia e aos seus princípios fundacionais.

Se, como atrás referi, os saudosistas não desapareceram como que por encanto em abril de 1974, hoje já proliferam na comunicação social, em manifestações de rua, e até já exibem, sem pudor, essa condição na Assembleia da República.

É por isso, que todos nós democratas, temos pela frente um grande desafio:

Defender a democracia

Hoje vemos levantarem-se vozes, não apenas na área política da extrema-direita, que, por interesse político próprio, não olham a meios, e que de um modo sibilino, atacam a democracia e defendem políticas que a vão corroendo.

Os mais recentes estudos de opinião, já nos dão conta disso.

Esses estudos, dizem-nos que embora 87 % dos portugueses “ainda” defendam um estado democrático, já 42% apoiam para a governação do país, a nomeação de um líder forte, leia-se ditador, mesmo sem ser sufragado em eleições.

“Onde é que já vimos isto, na nossa história recente?”

Mais ainda:

23% defendem mesmo um regime semelhante ao de Salazar.

Após 50 anos depois de abril, como foi possível aqui chegar?

O que pode justificar esta reversão?

Os partidos políticos democráticos, têm que assumir essa responsabilidade, e procurar dar as respostas, mudando procedimentos, aproximando a política dos cidadãos, adaptando-se a uma comunicação, que hoje é muito mais exigente que no passado.

Mas não podemos ter a certeza de que as gerações que nasceram no pós-25 de abril, tenham consciência do mesmo.

A eles, e em particular na sua formação escolar, é necessário que se fale de tudo isto,

Porque a educação e a formação, são o porto seguro da liberdade e da democracia, e sem educação não há liberdade.

Se antes do 25 de abril o acesso à educação era seletivo e limitado, hoje podemos celebrá-la como uma das grandes conquistas de Abril.

Em 1974 éramos 70 mil no ensino superior, hoje somos mais de 500 mil.

A educação, desperta a consciência humana, e é essa consciência a principal defesa contra discursos extremistas e populistas, que possam seduzir os mais desencantados com o actual regime.

Dando maior prioridade à educação, mais perto estaremos de comemorar plenamente Abril

Para além disso, e para além da educação, o conhecimento científico e operacional, são a arma mais valiosa de um país, que ambicione o seu desenvolvimento económico, científico e artístico.

Um sinal que queremos dar aos jovens e trazê-los a participar, é o facto de, no meu mandato, estas Sessões Solenes terem sempre como protagonistas alunos dos agrupamentos escolares do Concelho.

Assim foi com o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente e Marinha Grande Nascente.

Este ano, temos connosco alunos do Agrupamento de Escolas de Vieira de Leiria.

Quero aqui deixar um reconhecimento às Direcções destas Escolas, aos seus alunos, aos seus professores, à sua Direcção, e na pessoa dos seus directores, o nosso muito obrigado por nos ajudarem a aproximar os vossos/nossos alunos dos órgãos autárquicos, e assim plantar uma sementinha que um dia possa germinar, e dar o fruto de homens e mulheres socialmente desenvolvidos e interessados nas comunidades de que fazem parte.

Um grande obrigado aos Srs. Directores dos Agrupamentos de escolas do Concelho, Professor Cesário Silva, Professor Nuno Cruz e hoje a Professora Lígia Pedrosa, pela sua disponibilidade e empenho na colaboração dos alunos das suas escolas nestas cerimónias.

E agora o Poder Local Democrático.

O Poder Local Democrático, nascido do ventre da Democracia e da Liberdade, e trazido pelos ventos de Abril, tem sido uma referência inapagável da participação dos cidadãos nos seus destinos, permitindo a todos a definição das políticas locais, desde logo na eleição democrática dos seus representantes nos órgãos Municipais.

Com a implementação de políticas de proximidade, devemos todos ao poder local os avanços mais significativos das condições de vida e do desenvolvimento económico da Marinha Grande.

Exemplo disso, são o investimento em redes e equipamentos básicos, como abastecimento de água e saneamento, vias de comunicação, escolas, zonas públicas de lazer, equipamentos desportivos, ordenamento do território, etc.

Políticas concelhias de desenvolvimento económico, proporcionam a instalação e desenvolvimento de empresas e consequente criação de postos de trabalho qualificados.

Políticas de apoio social ajudam a superar carências da população mais vulnerável, no apoio na velhice e na infância.

Para estarem hoje connosco a celebrar o cinquentenário do 25 de Abril, além de atuais membros da Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, foram também convidados todos os anteriores titulares destes cargos, para os quais peço uma saudação fraterna pelo seu legado para o desenvolvimento do concelho e o bem-estar dos nossos munícipes.

……..

Para finalizar

Apresentamos os agradecimentos a todos os que hoje nos deram a honra de acompanhar esta Sessão Solene,

A todos os colaboradores do Município que colaboraram nesta organização

A todos os senhoras e senhores autarcas

Vamos continuar a celebrar este dia “…inicial, inteiro e limpo…” que desde há 50 anos nos devolveu a possibilidade de “na rua” podermos celebrar a democracia e a liberdade.

Viva o 25 de abril

Viva a democracia

Viva Portugal"

 

Aníbal Curto Ribeiro

Presidente da Assembleia Municipal da Marinha Grande

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