Discurso do Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande comemorativo do 49.º aniversário do 25 de abril de 1974

Praça Stephens

"Minhas Senhoras e Meus Senhores

Saúdo-vos, calorosamente, numa noite que celebra um momento da história que dita a liberdade do nosso país, uma comemoração que diz tanto à Marinha Grande e a Portugal.

Celebramos os Capitães de Abril, que sempre serão lembrados, e o povo que saiu à rua numa alegria tremenda, de alma preenchida pela conquista dos cravos.

Hoje assinalamos esta memória histórica, que honramos passar para as gerações mais novas, festejamos a liberdade da construção coletiva que fazemos e a democracia conquistada, que queremos ver renovada no futuro dos nossos jovens.

Celebramos 49 anos de liberdade, da história da democracia que, a cada ano, se reinventa, amadurece, é posta à prova e carece de reforço para que se mantenha uma constante da vida.

A liberdade e a democracia são sempre obras em construção. No âmbito das comemorações do 25 de abril de 1974, o Município dinamiza um programa alargado de atividades, envolvendo a comunidade, assinalando deste modo o início do Programa das comemorações do cinquentenário da Revolução dos Cravos.

De forma simbólica, desenvolvemos o projeto Plantar a Liberdade, centrado numa intervenção nos espaços públicos e culturais, onde se encontram plasmados os diversos trabalhos artísticos realizados pelas escolas, associações, instituições sociais e equipas internas do município, onde a história, valores e símbolos de abril se encontram patentes.

Ao longo destes dias proporcionamos à comunidade momentos de reflexão e discussão da “liberdade”, com recursos a várias manifestações artísticas e culturais.

Há quase meio século, o nosso País vivia isolado da comunidade internacional, enfrentava uma guerra colonial - onde tantos portugueses perderam a vida - era uma Nação com pouco orgulho de si própria, sem autoestima e sem esperança no amanhã.

A bravura de muitos mulheres e homens levou a que se desencadeasse um golpe de Estado, que depôs o regime ditatorial de mais de quatro décadas. Registo uma palavra de gratidão a todos os que, na clandestinidade, preparam e concretizaram a revolução pacífica.

O dia 25 de abril de 1974 mudou, para sempre, o rumo do País e influenciou o nosso quotidiano. Permitiu uma evolução política, económica, social e cultural, que temos o dever de respeitar e fazer progredir.

O caminho que se começou a desenhar naquela madrugada, que tantos esperavam, continua a ser trilhado. 49 anos depois, o nosso propósito deve estar focado em manter viva a nossa história e dar o nosso melhor contributo para honrar os valores conquistados, como a liberdade, a fraternidade, o respeito pelo outro e a justiça.

Valorizar as conquistas de abril faz-se através do nosso empenho e trabalho em construir um concelho cada vez mais desenvolvido, uma sociedade mais justa e com mais oportunidades para todos.

Por um lado, assistimos à diáspora portuguesa pelo mundo, por outro, recebemos o movimento migratório de tantas famílias, proveniente de outros continentes, que procuram em Portugal e, em particular, na Marinha Grande, melhores condições de vida, paz, segurança, trabalho, lazer e um território onde os seus filhos possam crescer, aprender e contribuir para o progresso desta terra, que é, afinal, de todos.

Esta realidade, que tantos cidadãos imigrantes procuram é, também, uma conquista da Revolução de Abril, reflexo do nosso sistema democrático atual e da maturidade que a sociedade tem procurado garantir.

Cabe-nos honrar a tradição deste país humanista, solidário e pacifista, para sabermos integrar todos, na certeza, porém, que fazem parte de um concelho acolhedor, multicultural, empreendedor, habituado a estabelecer relações económicas e sociais com o resto do mundo.

Mas os valores alcançados com a revolução também enfrentam desafios, que, todos nós, devemos estar concentrados em superar.

Vivemos um contexto de incerteza à escala global, fortemente agravado pela guerra originada pela invasão da Ucrânia e da crise económica e social. Assistimos ao incremento dos preços da energia, do gás, dos combustíveis, dos resíduos sólidos, dos alimentos, dos bens essenciais, da habitação, o que nos fragiliza e põe em causa o sentimento de bem-estar e segurança.

Reclamamos por melhorias no sistema de educação, proteção social e no Serviço Nacional de Saúde, que, outrora, foram orgulhosas bandeiras alcançadas após o 25 de Abril e que, agora, vemos fragilizadas.

Cientes destas incertezas, queremos combater as desigualdades, implementar medidas que promovam uma sociedade fraterna, garantir qualidade de vida e coesão social a todas as gerações, construir infraestruturas e requalificar as existentes.

Devemos estar vigilantes, mas, sobretudo, atuantes, em prol do bem comum, sem egoísmos pessoais ou políticos, com ética e respeito por cada um. É nisso que continuamos focados, para fazer cumprir abril.

Saibamos, todos juntos, continuar a erguer esforços e ações, para afirmar a liberdade e manter viva a democracia.

Nesta noite, em que respeitamos e enaltecemos os que lutaram e defenderam a liberdade, recordo as palavras de José Carlos Ary dos Santos:

“Agora que já floriu

a esperança na nossa terra

as portas que Abril abriu.

nunca mais ninguém as cerra.”

Viva o 25 de Abril!

Viva Portugal!

Viva a Marinha Grande!"

Aurélio Ferreira

Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande